Um mês após assumir o cargo de Embaixadora da Suécia em Moçambique, a Embaixadora Mette Sunnergren conversa connosco sobre a sua carreira, a sua paixão pelos direitos das raparigas e das mulheres e a sua perspectiva sobre as relações históricas entre Moçambique e a Suécia. Leia a entrevista completa abaixo.
Há um mês assumiu o cargo de Embaixadora da Suécia em Moçambique, quais são as suas primeiras impressões de Maputo e da Embaixada?
Maputo é uma cidade muito encantandora! Ainda não conheço bem a cidade, mas só o facto de estar à beira-mar dá-me uma sensação de abertura para o mundo. Vejo uma infinidade de água e de potencial e gosto dessa combinação. Aprecio também a gastronomia local. Já provei alguns pratos, o camarão que é muito bem conhecido, também gostei dos pratos feitos à base do feijão moçambicano.
Quanto à equipa da Embaixada, penso que é um grupo muito interessante e experiente. Todos têm óptimas histórias para contar e muito conhecimento na sua área de competência. Estou muito impressionada com isso! É uma pena que não possamos estar todos juntos na Embaixada devido ao coronavírus, mas estou muito ansiosa para ter um dia normal de trabalho na Embaixada quando todos regressarmos aos nossos postos de trabalho e for possível nos reunirmos para um fika sueco. Estou optimista e ansiosa para começar a trabalhar com todos os colegas a partir da Embaixada.
Fale-nos mais sobre si.
Iniciei a minha carreira profissional na sociedade civil sueca, onde trabalhei com questões de paz, conflito e desenvolvimento na América Latina. Trabalhei quase 8 anos em três países diferentes da América Latina.
Trabalhei também com a sociedade civil na Suécia, depois tornei-me funcionária pública quando entrei para a Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional em 2006. De lá mudei-me para o Afeganistão e depois para a República Democrática do Congo onde liderei a equipa de cooperação e fui nomeada para o meu primeiro mandato como Embaixadora da Suécia. Este é o meu terceiro mandato como Embaixadora porque depois de ter trabalhado na República Democrática do Congo também fui nomeada Embaixadora no Sudão, onde trabalhei durante 3 anos. Mais recentemente, trabalhei no Zimbabué como Chefe de Cooperação na Embaixada da Suécia em Harare.
Considero-me uma pessoa que vai um pouco aonde o destino me leva, mas também sigo o que acho interessante. Gosto de fazer a diferença e penso que isso tem sido possível graças as oportunidades de trabalho que tive durante a minha carreira profissional.
Nos meus tempos livres, gosto de jogar ténis, ler livros, socializar, viajar e descobrir novos lugares.
Quais são as questões que mais despertam o seu interesse?
Uma das questões que mais me interessa, entre muitas outras, é a paz e a participação das mulheres nos processos de paz, os direitos das raparigas e das mulheres no que concerne à saúde e os direitos sexuais e reprodutivos, a violência baseada no género e tudo que diz respeito às raparigas, mas interessa-me, igualmente, a educação e os cuidados de saúde dos rapazes ou das crianças em geral.
Durante a sua trajectória profissional, trabalhou em alguns países em conflito. Há um motivo específico para tal?
Temos que ser humildes e reconhecer que há muitos actores e especialistas em todos os processos de paz, mas ainda assim, acredito que a Suécia tem um papel importante a desempenhar nesses processos e a nossa política externa feminista é uma ferramenta importante que nos permite ser um bom parceiro e garantir que as mulheres sejam actores activos no processo de paz. Acredito que fui capaz de alcançar isso perante essas situações.
Suécia e Moçambique celebram este ano 45 anos de relações bilaterais. Como prevê fortalecer ainda mais essas relações
Espero que Moçambique não precise da cooperação sueca para o desenvolvimento por mais 45 anos, mas penso que, pelo menos durante mais alguns anos, continuaremos a ser um bom parceiro para Moçambique no que diz respeito à cooperação para o desenvolvimento. Durante o nosso longo historial de colaboração com Moçambique, a Suécia esteve sempre presente e é um país parceiro sólido e confiável. Acredito que as nossas relações têm a possibilidade de se fortalecerem ainda mais e que podemos dar continuidade ao que ambos aprendemos ao longo destes anos de cooperação.
Descreva a relação entre Moçambique e Suécia em três palavras.
As palavras que me vêm imediatamente à mente são longa, boa e forte.
A Embaixadora iniciou recentemente as aulas de Português, há alguma palavra ou expressão que tem tido dificuldade em pronunciar?
Estou ainda no nível de iniciante mas tenho dado o meu máximo e espero chegar lá aos poucos. Tenho tido dificuldades em pronunciar algumas palavras que considero serem bastante interessantes e importantes e com as quais pretendemos trabalhar, cumprir e fortalecer. Uma delas é a palavra “instituições” que acredito ser algo que deve ser fortalecido nesta sociedade e a outra é “constituição”, uma parte importante das regras de participação que é respeitar a constituição.
Seja bem vinda à Moçambique Embaixadora Mette!