Artigo de Opinião* de Justin Trudeau, Sahle-Work Zewde, Moon Jae-in, Jacinda Ardern, Cyril Ramaphosa, Pedro Sánchez Pérez-Castejón, Stefan Löfven e Elyes Fakhfakh
"Nenhum de nós estará seguro até que todos estejam seguros."
Essa declaração do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, resume o grande desafio que temos pela frente. Como o mundo ainda está no meio da pandemia mais mortal do século 21, com o número de casos ainda aumentando no nível global, a imunização é nossa melhor chance de acabar com a pandemia em casa e no mundo - mas apenas se todos os países tiverem acesso à vacina.
A COVID-19 está causando estragos em todo o mundo, e nenhum país será poupado de suas consequências, tanto diretamente pela perda de vidas e saúde, quanto indiretamente pelo impacto na economia, nos serviços de saúde, na educação e em muitas outras partes da sociedade. A pandemia está afetando desproporcionalmente as populações que vivem na pobreza e em situações vulneráveis.
Felizmente, grandes esforços, investimentos e coordenação - amplamente facilitados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - estão sendo direcionados para pôr um fim à pandemia.
As vacinas são a ferramenta de saúde pública mais poderosa e essenciais para salvar vidas. Graças às vacinas, vimos um bom progresso na redução da mortalidade infantil nas últimas décadas.
Neste momento, com quase 200 potenciais vacinas contra a COVID-19 em diferentes estágios de desenvolvimento, há esperança de que em breve uma ou mais se provem seguras e eficazes. O que acontece a seguir é igualmente importante. Não pode ser uma corrida com apenas um vencedor. Quando uma ou mais vacinas são bem-sucedidas, essa deve ser uma vitória para todos nós.
Não podemos permitir que vacinas aumentem as desigualdades dentro ou entre países - seja de baixa, média ou alta renda. Uma futura vacina contra a COVID-19 pode ser fundamental em nosso compromisso de alcançar um dos elementos-chave dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: garantir vidas saudáveis e promover o bem-estar para todas as idades.
No entanto, fabricar vacinas e doses suficientes para cobrir toda a população global levará tempo. Embora a cooperação global em termos de recursos, conhecimentos e experiências seja fundamental para o desenvolvimento de uma vacina, fabricá-la e distribuí-la sem deixar ninguém para trás realmente colocará à prova essa cooperação global. Mas, se formos bem-sucedidos, podemos vencer o vírus e abrir caminho para a recuperação da pandemia.
Portanto, devemos garantir urgentemente que as vacinas sejam distribuídas de acordo com um conjunto de princípios transparentes, equitativos e cientificamente sólidos. Onde você mora não deve determinar se você vive, e a solidariedade global é fundamental para salvar vidas e proteger a economia. Um fluxo gerenciado da vacina - incluindo ambientes humanitários e outros países vulneráveis, como os países menos desenvolvidos e os pequenos estados insulares em desenvolvimento - é o curso de ação sábio e estratégico e beneficiará países em todo o mundo.
A implementação de um fluxo global organizado de vacinas requer um forte mecanismo multilateral que garanta confiança mútua, transparência e responsabilidade. Um mecanismo justo e eficaz de alocação de vacinas, orientado pelos conselhos da OMS e baseado nas necessidades e não nos meios, deve se concentrar em salvar vidas e proteger os sistemas de saúde.
Já existem iniciativas locais, regionais e globais para garantir a disponibilidade de vacinas, incluindo a importante COVID-19 Vaccine Global Access(COVAX) Facility; acreditamos que essas iniciativas devem ser coordenadas e se reforçar mutuamente. Reconhecemos particularmente o papel da OMS como a principal agência global de saúde, mas também os esforços contínuos da Gavi (Aliança de Vacinas) e da Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI, em inglês) como parte do pilar de vacinas do Access to COVID-19 Tools (ACT) Accelerator. Também reconhecemos o papel do Instituto Internacional de Vacinas (IVI, em inglês) em tornar as vacinas disponíveis e acessíveis para populações vulneráveis nos países em desenvolvimento e apoiamos totalmente a importante liderança do Secretário-Geral da ONU na garantia de um processo coordenado.
Uma bem-sucedida distribuição gerenciada de vacinas também será uma pedra angular do fortalecimento do multilateralismo para o futuro - como foi a resolução do Conselho de Segurança sobre a COVID-19, redigida pela França e pela Tunísia, exigindo um cessar-fogo global em conflitos armados - e um passo importante para voltar mais fortes juntos.
Apelamos aos líderes globais a se comprometerem a contribuir para uma distribuição igualitária da vacina contra a COVID-19 com base no espírito de uma maior liberdade para todos.
Justin Trudeau, Primeiro Ministro do Canadá
Sahle-Work Zewde, Presidente da Etiópia
Moon Jae-in, Presidente da República da Coréia
Jacinda Ardern, Primeira Ministra da Nova Zelândia
Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul (também presidente da União Africana)
Pedro Sánchez Pérez-Castejón, Primeiro Ministro da Espanha
Stefan Lofven, Primeiro Ministro da Suécia
Elyes Fakhfakh, Primeiro Ministro da República da Tunísia